Juiz defende ‘Toque de Acolher’ em Sergipe
Uma
medida que já foi implantada em 56 cidades do país com resultados
que diminuíram a violência entre adolescentes e melhoraram índices
na Educação
Medidas
para crianças e adolescentes que protegem toda a família
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Uma cena comum em grandes ou pequenas cidades do país e que
é facilmente encontrada no Estado de Sergipe. Crianças e
adolescentes nas ruas durante a madrugada sem a companhia de
familiares, uma exposição que pode resultar em morte. Em
março desse ano, a equipe doPortal Infonet acompanhou o caso
de homicídio de Elisabeth Mendes dos Santos, de 14 anos, que teve o
corpo localizado em um campo de futebol com o rosto desfigurado e
sinais de violência sexual.
De
acordo com a avó da adolescente que foi assassinada barbaramente, a
neta chegou a ser assistida pelo Conselho Municipal dos Direitos da
Criança e do Adolescente (CMDCA), mas fugia dos abrigos e passava
as noites perambulando pelas ruas. Uma violência que poderia ter
sido evitada com ações de proteção para crianças e
adolescentes. Esse é o principal objetivo do Toque de Acolher uma
medida implantada com sucesso por um juiz responsável pela Vara da
Infância e Juventude na Comarca de Santo Estevão, município
distante 150 km de Salvador.
O
juiz José de Souza Brandão Netto criou uma portaria em junho de
2009 determinando que menores de 12 anos não podem ficar nas ruas
após às 20h30, até 15 anos o horário permitido é 22h e os
adolescentes de 16 anos somente até ás 23h, a menos que estejam
acompanhados pelos
O
juiz Brandão criou medidas que protege toda a família
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pais.
Tanto rigor não foi por acaso.
“O
interior de São Paulo já tinha implantado essa medida e aí a
população começou a cobrar a mesma coisa na minha cidade, porque
tinha tido um efetivo positivo. Além da cobrança do povo havia
índices gritantes de violência juvenil, jovens envolvidos com
drogas. O crack estava tomando conta do município, tinha
informações que uma pedra de era vendida a R$ 0,50. Além de
existir um índice de pedofilia grande na BR 116”, conta o juiz
destacando que o fator decisivo para a implantação da portaria foi
um homicídio de um adolescente por conta de um pacote de cocaína.
O
magistrado salienta que para a implantação da portaria foi preciso
somar forças com o poder público com a participação da guarda
municipal, polícia militar e prefeituras. “A finalidade da medida
é proteger um menor de 12 e 13 anos, - que na rua até altas horas
da noite é um ser humano indefeso. A violência estava muito grande
e comecei a ser procurado por várias mães que começaram a pedir o
Pais
são obrigados a matricular os filhos na escola
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‘Toque
de Recolher’ que já funcionava em São Paulo. De lá para cá,
segundo dados da polícia, houve uma diminuição de 71% na
violência entre jovens”, comemora o juiz.
Fora
evasão escolar
Com
os excelentes resultados do Toque de Acolher, José Brandão, criou
o Toque de Estudo e Disciplina (TED), que consiste na
responsabilidade de pais matricularem filhos a partir dos quatro
anos na escola. Brandão explica que a portaria foi baixada após
uma pesquisa realizada nas escolas da comarca onde foi constatado um
alto índice de evasão escolar.
“Notamos
com a pesquisa, que o menor estava fugindo da escola. Após tal
resultado, baixamos a portaria que obriga aos pais a matricularem os
filhos, que descumprindo a determinação do que impõe a portaria,
os mesmos pagam multa e respondem a
Crianças
são protegidas da violência doméstica (Fotos:
Arquivo Portal Infonet)
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crime
de abandono intelectual”, esclarece.
A
medida trouxe um grande avanço na educação o município de
Ipecaetá que antes do TED tinha um Índice de Desenvolvimento da
Educação Básica (Ideb), de 1.4 após a portaria passou para 5.9.
Crianças
protegidas de agressão
As
ações para a proteção da infância e adolescência alcançam
agora os bebês. Essa é a portaria mais recente implantada pelo
juiz Brandão. A Síndrome do Bebê Espancado (Sibe) visa proteger
as crianças que sofrem violência doméstica. Para o juiz a
violência que tem acontecido nos últimos tempos é caracterizada
pela falta de amor e atenção por parte das famílias.
“Uma
das propostas do Sibe é criar um sistema informatizado no hospital
para quando uma criança chegar à unidade com indícios de
espancamento as autoridades sejam comunicadas”, conta.
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